Aplicar Flúor é necessário?
A utilização do Flúor se caracteriza como uma prevenção através do controle dos fatores etiológicos, visando aumentar a resistência do dente impedindo a instalação ou controlando a progressão da cárie.
A terapia com fluoretos pode ser aplicada de diversas maneiras:
Métodos Sistêmicos:
- Fluoretação das águas de abastecimento público;
- Fluoretação das águas de abastecimento escolar;
- Comprimidos ou gotas fluoretadas;
- Fluoretação do sal para consumo humano;
- Fluoretação do leite para consumo humano;
Métodos Tópicos:
- Soluções fluoretadas
- Gel fluoretado
- Verniz fluoretado
- Profilaxia com pasta profilática contendo Flúor
- Soluções fluoretadas para bochecho
- Dentifrícios fluoretados
Todos esses métodos, desde que corretamente prescritos por profissionais que tenham conhecimento na área, só contribuirão para melhoria da saúde bucal. Lembramos ainda que alguns alimentos contêm Flúor natural, como o chá preto e peixes (sobretudo as carcaças) como a sardinha e o atum.
O principal veículo para o Flúor vem sendo a água de abastecimento público. A fluoretação das águas de abastecimento público é uma medida eficaz, segura, de baixo custo relativo e fácil aplicação, mas deve se adequar ao controle dos teores de Flúor. O percentual de redução da cárie é, em média, 55% para os dentes decíduos e 60% para os permanentes. Em situações de paralisação da medida, o aumento na prevalência de cárie pode ser de 27% para a dentição decídua e de aproximadamente 35% para a dentição permanente, após 5 anos.
Durante os anos 60 e 70, o uso de Flúor em soluções para bochechos foi muito pesquisado nos países escandinavos e americanos, apresentando resultados positivos em relação à efetividade do método na prevenção da cárie. A eficácia do método foi amplamente comprovada: pode reduzir a incidência de cárie em até 40%. Mas essa eficácia é condicionada à regularidade da aplicação. As soluções recomendadas para a técnica são: fluoreto de sódio a 0,05% para bochechos diários e a 0,2% para bochechos semanais ou quinzenais. Os bochechos com soluções neutras de fluoreto de sódio são indicados principalmente para grupos populacionais que não contam com o serviço de fluoretação das águas de abastecimento público.
A remineralização de lesões iniciais tem merecido uma atenção especial desde que se sugeriu que os vernizes de Flúor podem ser mais eficazes do que os géis ou bochechos de Flúor e que as combinações de Clorhexedine e Flúor podem parar ou até mesmo remineralizar lesões em indivíduos com fluxo salivar reduzido. A redução da incidência de cárie mostra valores que variam de 10% a 75%, com médias de cerca de 30%. Em crianças com baixa ou moderada atividade de cárie, têm sido observados efeitos significativos na redução da incidência se a freqüência de aplicação for semestral. Em crianças com alto risco de cárie, aplicações trimestrais têm-se mostrado efetivas enquanto a aplicação de gel de Flúor duas vezes por ano, sendo o fluoreto de sódio neutro e o fluoreto de sódio acidulado os produtos mais utilizados, reduzindo de 28% a 30% a incidência de cárie.
Os pacientes de alto risco devem ser observados pelo menos quatro vezes por ano até haver a evidência das lesões estarem estacionárias ou remineralizadas. Estes pacientes, que são aqueles que evidenciam a formação de novas lesões ou progressão de lesões existentes entre duas consultas de revisão devem ser tratados pelo menos uma vez por semana com um bochecho de Clorhexedine a 0,12%, durante um minuto pelo período de seis semanas, após a qual uma contagem de Streptococus Mutans deve ser feita. A aplicação de Flúor tópico em gel ou verniz de Flúor após cada bochecho de Clorhexedine pode aumentar a probabilidade de remineralização.
Sabe-se atualmente que a ingestão de água potável contendo Flúor durante a época da formação do dente pode resultar no esmalte mosqueado ou fluorose, que é um tipo de hipoplasia do esmalte que foi descrito pela primeira vez com este nome nos USA, por G. V. Black e Frederichk S. McKay, em 1916. A intensidade da fluorose aumenta com o aumento da quantidade de fluoreto na água. Em níveis abaixo de 0,9 até 1,0 parte por milhão, o fluoreto na água provoca pequena pigmentação sem significado clínico. Acima do nível, ela se torna progressivamente evidente. A ingestão de Flúor em excesso (mais uma parte por milhão na água de consumo) durante a formação do esmalte e sua calcificação (até os oito anos de idade) produz uma hipomineralização ou porosidade do esmalte sendo menos severa na dentição decídua que na permanente, devido a curta duração de formação e maturação da dentição decídua ou da fina camada de esmalte que possui. Clinicamente pode se aparecer como um giz muito moderado com pontos brancos e opacos (fluorose branda), marcado por um rendilhado na superfície do dente passando por uma coloração variando do amarelo para o marrom geralmente onde todas as superfícies do dente são afetadas (fluorose moderada), até uma forma severa onde o esmalte é descaroçado e frágil e fortemente manchado.